Impressiona notar o interesse sempre existente na literatura contemporânea, encontrado mesmo em autores conscientes de que a grande literatura é, por definição, atemporal. Notar que, havendo dezenas de séculos que não serão absorvidos, milhares de obras que não serão lidas por simples falta de tempo, o interesse pelo coevo ainda viceja, e obras coevas granjeiam uma atenção que não têm a maioria daquelas seculares, já consagradas pela prova do tempo. Como explicar que não seja o oposto a ocorrer? Como explicar que o comum não seja um quase desespero por absorver o essencial destas dezenas de séculos e milhares de obras? Para nada disso parece haver explicação racional.