Nada me é mais insuportável que o julgamento! Como, desde há muito, percebi que não posso deixar de fazê-lo — ainda que de forma impessoal, — aprendi a cultuar o silêncio. Silêncio que, a aparentar exteriormente a paciência e serenidade, implica uma interminável guerra interior. Odeio o julgamento e, ainda assim, julgo o tempo inteiro. Aniquilo-me quando me vejo a condenar condutas, e condeno todas, principalmente a minha. Pudera eu enforcar esses rompantes terríveis do juízo! Mas não há fim, nem sossego, e considero-me vitorioso por conservar um aspecto mínimo que remeta à humanidade.
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