A melancolia, tão frequente em artistas, matéria-prima de quase toda obra poética, classificada por Poe como “the most legitimate of all the poetical tones”, parece estranha à minha natureza. Caio em melancolia, se é que posso assim dizê-lo, somente quando distraio-me em questões do cotidiano. Tendo melancolia, é claro, com a tristeza entre suas manifestações. Se tomada como um desencanto geral — que não necessariamente redunda em tristeza — então sou dela íntimo como um irmão. Aflição, tortura psicológica, conflito mental interminável: estes tenho-os naturais como o dia e a noite. Não sei de onde vem essa disposição psicológica, mas pela tristeza me não sinto unido a nenhum dos grandes poetas.