Poucas ideias parecem-me tão estúpidas quanto o nacionalismo. Não fecho a frase e a mente aponta-me a objeção: Dostoiévski, Hugo, Cervantes… Rejeito. O que esses e muitos outros “patriotas” fizeram extrapola as limitadas fronteiras de onde viveram: a arte que engendraram é expressão de valor universal. Seria acintoso resumi-los a “nacionalistas”. O nacionalismo é uma das muitas portas à estupidez, o patriota ordinário é um ignorante pretensioso que limita, sempre, o próprio intelecto, graças a esse sentimento desprezível que Cioran, repetidas vezes, chamou de péché contre l’esprit. Cioran: exemplo de coragem e liberdade de espírito; um homem sem pátria; alguém que tomou ciência, na prática, de que não dista um milímetro do orgulho nacional à mais abjeta idolatria.