É curioso notar como grande parte das “descobertas” modernas nada tem de descobertas. No terreno da psicologia, é dificílimo encontrar algo relevante que já não esteja esboçado — e amiúde melhor esboçado — nas obras de Doistoiévski e Nietzsche, para não mencionar os textos orientais. Mas o “desafio do urso polar” de Dostoiévski, ou a constatação de Nietzsche de que “as melhores ideias surgem ao caminhar”, em vez de serem imediatamente captadas pela intuição, tiveram de esperar um século para que fossem devidamente validadas por experimentações ociosas. A miséria deste tempo é exigir que tudo contenha-lhe o selo distintivo; do contrário, não tem valor. Assim parecem os esforços direcionados mais a afagar uma vaidade coletiva que a ampliar a extensão de quanto se pode chamar conhecimento do homem.