Não há negar que, a despeito de tudo quanto se pode dizer das conclusões esboçadas por Hegel, sua compreensão dos processos componentes e condutores da realidade, isto é, sua dialética, é de uma lucidez e de uma acuidade impressionantes. Porque para onde quer que voltemos os olhos, um exame aprofundado mostrará que uma ação histórica efetiva suscitará necessariamente sua antítese e terá um resultado diverso de sua intenção. Esta dinâmica, às vezes de dificílima compreensão, equaciona notavelmente a presença fatal do imprevisível, e nos força a tê-lo sempre em vista em qualquer processo. Acostumar-se ao ambíguo e ao complexo é, enfim, colocar-se mais próximo do real.