Leio páginas e páginas de Tolstói e a mente parece questionar-me: “Por que tanto tempo despendido em outras bandas?”. A sensação é de que, em Tolstói, não há página vã, estamos sempre ante personagens que confrontam o essencial. Confrontam, isto é, raciocinam, enxergam e julgam as circunstâncias que os rodeiam; por vezes, deixam-se agir irrefletidamente, então amargam as consequências psicológicas, remoendo o passado. Passado! este, sempre, objeto de tortura, fonte inesgotável de lamentos… Mas o que mais parece impressionar nestas construções tão vivas, tão cheias de verve e sinceridade, é a inserção minuciosa de detalhes que as dotam de realismo, tornam-nas mais que convincentes. E pensar na mente que pariu esses milhares de páginas douradas… é inclinar o tronco e tirar o chapéu.