Não há palavras para descrever a sensação que experimentamos quando, apreciando a paz que emana de um texto hindu, recordamos as barbaridades descritas por Oliveira Martins cometidas em solo indiano. É um assombro. Imaginar os portugueses, justamente nesta terra onde a paz é sagrada, chegando como demônios, assaltando e assolando, ateando fogo, roubando, assassinando, submetendo. E, mesmo nos desembarques menos violentos, corrompendo pelo exercício desenfreado dos vícios mais grosseiros, do materialismo mais radical. Só de pensar em cidades indianas transformadas no receptáculo daquelas perversões espantosas, no destino das maiores ambições terrenas, no paraíso da depravação… o melhor é nem continuar.