Não se fará, e nem faria sentido que se fizesse uma nova Divina comédia, embora justamente possa ela ser considerada o modelo supremo de realização artística nas letras. Neste sentido, é forçoso admitir: a mudança do tempo exige uma arte que a represente. Contudo, o haver ali condensada toda a cultura de uma época, que se harmoniza com a manifestação de uma consciência individualíssima a qual, embora nela se movimente e por ela se expresse, consegue ao mesmo tempo pintá-la e julgá-la, é lição que o artista moderno faz muito bem em assimilar. O tempo presente é, e sempre será, uma oportunidade única. O novo é necessário, mas não sairá valioso se não fundado numa velha e imorredoura compreensão.