Não seria justo comparar Hegel a Heidegger. Se há semelhanças na forma, limitam-se à forma: Heidegger é, em meus dias benevolentes, o modelo inigualável de estelionatário intelectual. Hegel nada tem de impostor: seu defeito, a dizer a verdade, é essa mania alemã de querer esmiuçar tudo até o último detalhe, essa incapacidade para a síntese potente. É uma pena que a Fenomenologia do espírito seja três vezes maior do que deveria ser: mas nela há, sem dúvida, muitas páginas dignas de atenção.