Nelson Rodrigues gostava de repetir que só um gênio seria capaz de tirar a inteligência brasileira do tédio. E enquanto viveu, percebe-se hoje, havia no Brasil uma inteligência passível de ser chacoalhada. Dir-se-ia, até, de que necessitava menos que um gênio para se movimentar. De lá para cá as obras perderam, se não força, efetividade. E para não repisar a ociosa crítica à inteligência inerte, o que salta aos olhos é a ausência de entusiasmo intelectual. Que há obras, que há autores, tem de os haver. Mas tornou-se dificílimo encontrá-los, quer pelo desinteresse generalizado, quer pelo falso interesse promovido sobre algumas obras. O resultado é haver barreiras e barreiras prejudicando o contato entre o autor e possíveis leitores. Estes, parece, ainda que tentassem encontrar o gênio, se renderiam aos obstáculos da procura.