Alguém disse, sob aplausos, nenhum homem ser uma ilha. Muito bonito, muito bonito… Mas, infelizmente, a afirmação é falsa: há, sim, homens-ilha — e os mais diversos. É verdade: há no homem um impulso que o impele ao convívio; impulso, porém, que pode ser aniquilado com o tempo. Os anos passam, as personalidades se consolidam, os interesses mais separam do que unem — por vezes abrindo um vácuo intransponível entre o homem e o meio. Não é correto afirmar que há um senso de pertencimento comum a todos os homens, como não é correto supor que todo homem encontre afinidades. Assim, é natural que haja homens que se tornem ilhas, quer por força, quer por volição. Há aqueles que, por defesa, vestem uma máscara social — embora acessíveis, são em essência ilhas impenetráveis; — há, também, aqueles cujo aspecto exterior não abre espaço para dúvidas. Enfim, para não ser uma ilha basta não reprimir o naturalíssimo impulso gregário; mas essa, dado momento, é apenas uma das escolhas possíveis…