Nenhuma das injustiças de que Frei Vital foi alvo durante sua breve vida parece comparável às inúmeras que, desde sua morte, são perpetradas por inumeráveis historiadores — e bons historiadores… Que dizer? De seus coevos, muito pouco: erraram e vários deles se arrependeram; erraram quase todos por defeitos menores, exageradamente amplificados pela pertinácia. Já os historiadores, como absolvê-los? O que temos, hoje, graças a um falseamento mil vezes repetido, é a imagem de um bispo desarrazoado, tomado pela impetuosidade típica da mocidade, a agir impulsiva e irrefletidamente, quando, em verdade, nos mais acirrados momentos de sua polêmica não se viu senão um homem probo, ciente de até onde um bispo pode transigir. O resto são mentiras, só plausíveis se ocultadas, como são nos livros de história, as verdadeiras circunstâncias que desencadearam esta famigerada “questão”.