O niilismo e o anarquismo partem de premissas compreensíveis e justificáveis. Contudo, como por uma atração incontrolável, acabam ambos tendendo para uma ação destrutiva injustificável ou, melhor dizendo, uma ação promotora de uma realidade pior. Levado a cabo, o niilismo é forçado a nivelar um assassino a alguém que não mata, — o contrário seria admitir uma hierarquia moral, — o que é uma efetiva maneira de produzir monstros. O anarquismo, quando entranhado na alma, não pode resultar senão numa réplica violenta a todo tipo de autoridade — destrói com eficiência, mas não parece capaz de erigir sobre os destroços algo melhor. Parecem ambos, o niilismo e o anarquismo, doutrinas fadadas a atirar a alma nas trevas e materializar obras terríveis — embora, a nível individual, possam ser paragens necessárias ao raciocínio e, se aliadas a uma natureza pacífica e contrária à ação, possam servir de alimento ao desenvolvimento intelectual.