No Brasil, o normal é que o cidadão médio passe a vida adulta inteira sem ler uma única obra de ficção. Isso não pode ser normal, senão numa sociedade culturalmente morta. Nenhum escritor brasileiro, é seguro dizer, exerce hoje a mais insignificante influência na sociedade, a despeito do que o nome de algumas ruas e monumentos pode sugerir. Não há uma única obra literária cujos personagens, ou cuja lição moral estejam presentes no imaginário coletivo, e portanto o fato mais assombroso deste Brasil de hoje é não haver nele nenhuma base cultural que sirva de alicerce e patrimônio comum. É uma tragédia não somente educacional, mas humana.