O trabalho diário

O trabalho diário, motivado e disciplinado, é mesmo um santo remédio, como está dito por tantos espíritos desde há muitos séculos. Para além do efeito terapêutico, o proporcionado direcionamento da atenção a um objetivo justo faz com que se dissipe todo tipo de distrações e pensamentos contraproducentes. O resultado, se por vezes premia, quando não satisfatório é inócuo à motivação que já se premiou no dedicar-se com sinceridade e fortalecer-se na dedicação. Abster-se do trabalho, pois, para além de danoso à sanidade, é pouco inteligente do ponto de vista da pura e verdadeira satisfação.

A riqueza fônica e sintática do português

A riqueza fônica e sintática do português, mais do que a índole de seu povo ou o estro de seus autores, coloca-lhe a poesia entre as mais notáveis da literatura mundial. Como veículo de expressão do primitivo impulso representado pela poesia, suas possibilidades são tão variadas e de efeitos tão singulares que, ainda que trabalhada por mãos ordinárias, por vezes alcança resultados dignos de sincera admiração.

Todos os verdadeiros problemas modernos…

Todos os verdadeiros problemas modernos, se não réplicas idênticas de problemas milenares, consistem tão somente em novas nuances para problemas cujo debate está há muito tempo registrado na filosofia e cujas consequências estão devidamente demonstradas por exemplos infinitos na história. Ter ambas à disposição e recusá-las; querer aventar soluções estúpidas cujos resultados já se encontram ilustrados teórica e praticamente, tem de ser classificado, com muita justeza, como ato de má-fé.

Impressiona notar o interesse sempre existente…

Impressiona notar o interesse sempre existente na literatura contemporânea, encontrado mesmo em autores conscientes de que a grande literatura é, por definição, atemporal. Notar que, havendo dezenas de séculos que não serão absorvidos, milhares de obras que não serão lidas por simples falta de tempo, o interesse pelo coevo ainda viceja, e obras coevas granjeiam uma atenção que não têm a maioria daquelas seculares, já consagradas pela prova do tempo. Como explicar que não seja o oposto a ocorrer? Como explicar que o comum não seja um quase desespero por absorver o essencial destas dezenas de séculos e milhares de obras? Para nada disso parece haver explicação racional.