Embora, sem dúvida, não seja algo profissional…

Embora, sem dúvida, não seja algo profissional ou prudente o sentar-se à mesa e permitir-se admirar a maravilha medonha da tela branca com o cursor piscando como um cronômetro macabro, o fazê-lo por vezes mostra-se curioso, quando o resultado é o cérebro buscar a ideia de um obscuro recanto da mente, e em seguida desenvolvê-la com minúcia, sem que se tenha preparado para tal. Kardec assevera trata-se de um naturalíssimo processo metafísico que, conquanto inteligível, uma vez aceito coloca em xeque os limites, a identidade e as capacidades individuais do ser. Então a pergunta, que talvez encerre uma valiosa lição: em que medida importam?

O que costuma passar despercebido

O que costuma passar despercebido é que o ser frequentemente não é senão esforçar-se por ser de contínuo, não é senão manifestar o querer ser pelo ato, e pelo mesmo ato positivar aquilo que se quer. Salta aos olhos esta verdade ingente que, por incompreendida, faz com que haja tantos projetos de vida malsucedidos, tantos espíritos que se perdem à espera de um milagre que, decerto, não ocorre sem suor e ação.

O grande momento da leitura ficcional

O grande momento da leitura ficcional é aquele em que percebemos, na individualidade do autor e da obra, a conexão com o universal. É grande por amplificar o sentido do detalhe e demonstrar que o drama humano é um drama compartilhado. Notando-o, tomamos consciência de que nem o tempo nem o espaço alteram essa condição essencial do ser, responsável pela possibilidade de compreensão entre os homens; notando-o, tomamos consciência de que o mínimo, por menor que seja, encerra em si mesmo uma perene e intercambiável significação.

A poesia brasileira, ostentando figuras como Gonzaga…

A poesia brasileira, ostentando figuras como Gonzaga, Silva Alvarenga, Cruz e Sousa, Alphonsus de Guimaraens e Fagundes Varela, figuras que, no ranking de popularidade, integram talvez o terceiro ou quarto escalão no panteão dos poetas brasileiros, é uma poesia que, na pior das hipóteses, merece respeito. O mesmo não ocorre com os romancistas, cujas obras nem pelo sabor, nem pela variedade parecem capazes de atrair o interesse de um leitor estrangeiro. Isso, ao contrário do que parece, não é motivo para lamento, mas para que se reconheça e se celebre a qualidade dos poetas nacionais.