Drummond disse, em sua última entrevista, nenhum de seus poemas ter entrado para a história do Brasil, ficando de sua obra apenas alguns “modismos” e “frases feitas”. Enganou-se, posto componha, hoje, o primeiro escalão dos poetas brasileiros de todos os tempos: é impossível uma lista dos melhores poetas ou uma antologia dos melhores poemas que não inclua o grande mineiro. Mas a afirmação, senão extrema modéstia ou percepção falha, escancara o desalento de alguém que, dedicando a vida às letras, não encontrou sequer sinais de recompensa até os seus últimos dias. Para não dizer da técnica, a obra de Drummond evidencia uma profunda compreensão da existência, problemas comuns à toda a humanidade, olhos abertos, atentos, que expressam o próprio espanto em imagens fortíssimas. Em suma: um poeta cuja obra se não resume em enquadrar clichês na técnica poética — qualidade raríssima… E, ainda assim, o insigne Drummond não enxergou retorno após décadas de trabalho, e mesmo após angariar grande reconhecimento a nível nacional. A pergunta: onde é que está o problema? Desta vez, meus dedos pouparão os olhos da querida leitora…
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