O efeito mais evidente da politização da cultura, cuja principal manifestação é a arte, é a inibição da criatividade. Em literatura, o resultado são obras que podem tudo, menos surpreender o leitor. E aí se coloca o problema: embora uma obra, para que seja boa, não necessariamente tenha de se destacar pelo caráter surpreendente, a previsibilidade, quando absoluta, é simplesmente intolerável. Uma obra cujo desenrolar já está previamente determinado por uma ideologia, seja ela qual for, é uma obra morta, e mortos estão de antemão os artistas que voluntariamente se aprisionam nesta lamentável cela.