Este destacado romance é merecedor de um lugar no legado que se deve passar adiante de geração para geração, por quanto tempo exista a literatura brasileira. Ainda que se possa alegar possíveis estereótipos, a obra coloca questões seríssimas, e as desenvolve num drama vivo, com personagens convincentes inseridos num ambiente argutamente desenhado. A obra comove porque retrata um poeta na angustiante realidade brasileira, cuja mesquinharia desconhece limites. A vocação literária é-lhe, naturalmente, a definitiva impossibilidade de adaptação ao meio hostil, à qual vocação soma-se o sentimento de dever, que o força a digladiar-se pelo imediato, num conflito interior insuperável bem resumido no título da obra. Trata-se, em suma, de um homem de valor, que afinal não se deixa corromper pelas circunstâncias desfavoráveis e pela pressão constante, especialmente dentro de casa. Fica, para além da crítica social, o questionamento: vale a pena a arte? E embora não afirme, a narrativa evidencia que valer ou não a pena nunca foi a principal questão.