O historiador da filosofia pode muito bem traçar o curso das correntes de pensamento ao longo das décadas, identificando tendências aqui e ali, e tê-las como formadoras de resultados que ele mesmo identifica. Fazendo isso, tem-se uma visão talvez não da evolução do pensamento, mas da origem das ideias, de que tipo de estímulo as incentiva e a que tipo de estímulo elas respondem. Isso é algo certamente proveitoso; contudo, o panorama histórico é insuficiente para que o intelectual se possa dizer senhor de tais desenvolvimentos. Para tanto, é preciso que, interiormente, ele viva o processo, assuma como suas as ideias expostas e deixe que, dentro de si, elas tomem o caminho que quiserem. Talvez não se possa fazê-lo para todos os problemas filosóficos; mas, especialmente para os mais atuais, esse exercício costuma conduzir a conclusões bem diferentes daquelas que brotam com ares de imediata consagração.