O homem moderno tem esta distinção: julga-se importante. E corre a um psicólogo quando inconscientemente suspeita que não é. A depressão que sofre aos quarenta começa na infância e estende-se pela juventude, quando cresce bombardeado de mentiras, alimentando em mente uma falsa visão de si mesmo. Sorri porque a vida oferece-lhe maravilhosas perspectivas; “futuro” é-lhe sempre palavra auspiciosa; passa a acreditar. E, com os anos, tem de encarar severas frustrações. A culpa é da vida? É óbvio que não: a vida nada tem que ver com a presunção do animal! A vida é vítima de uma falsificação epidêmica, de uma incompreensão assustadora e de um aviltamento sem precedentes. Um jovem é treinado, como um cachorro, a dar determinadas respostas para “o que fará da vida”, respostas socialmente admiráveis, e aprende a enxergar o mundo sob uma ótica medíocre, valorizando aquilo que não tem valor. Começa errando a respeito de si mesmo e termina errando a respeito da vida.