O homem prático e o homem pensante

Thomas Bernhard, em Extinção, faz uma acutíssima reflexão sobre o que se pode chamar de o homem prático e o homem pensante. Segundo o raciocínio, o homem prático odeia a ociosidade, e a identifica de praxe com o homem pensante. Ocorre que o homem prático, desacostumado ao pensamento, só concebe a ação como ação prática, e portanto não pode entender a ausência de ação prática senão como ócio. Mas a verdade é que, ao homem pensante, o ócio não existe, pois é justamente sob a aparência de ociosidade que experimenta os seus estados de maior excitação. Tal está, todavia, muito além da compreensão do homem prático. O curioso disso tudo é que, em verdade, é justamente o homem prático que descai na ociosidade que tanto odeia: incapaz de pensar, somente para ele a ausência de ação prática significa a genuína e absoluta inação.