O horror da vida é a consciência dela. É o prever e acertar. É o sentir consoante o esperado. Ver tudo acontecendo, de olhos abertos. Constatar a previsibilidade das coisas, a futilidade infame do esforço, a mediocridade de quanto se pode alcançar. É o viver e não simplesmente ir vivendo, por uma impossibilidade irreversível. Perceber que a consciência, uma vez desperta, não mais torna a dormir. Ser incapaz da vista grossa que caracteriza as pessoas comuns, a saudável falta de percepção — em suma, a aceitação passiva da realidade.