O otimista carece, sobretudo, de senso de humor. Se sorri, fá-lo desde que lhe não agridam as “convicções”. Não passa frequentemente de um fanático, apóstolo da crença no futuro luminoso, incapaz de caçoar de seus próprios e seguidos fracassos. Parece paradoxal brotar humor do pessimismo, mas é só aparência: o pessimismo surge do raciocínio, e o humor da modéstia imposta pelas conclusões ao intelectualmente honesto. O otimista não ri de si mesmo — portanto, geralmente não sabe pensar. O experimento é muito simples: ridicularize-se, por graça, um sujeito que afirma o futuro lhe guardar um pote imenso de ouro — ver-se-á imediatamente as veias lhe pulsarem de cólera. Faça-se parecido a um pessimista: chame-o de ranzinza, urubu ou reclamão — e ver-se-á, naturalmente, brotar-lhe um largo sorriso na face.