Há um trecho interessantíssimo de My first wife, em que Wassermann descreve o estado psicológico que prenunciou a queda de seu protagonista: este, dado momento, passou a idealizar um ente real, isto é, passou a confundir uma pessoa viva com uma criação imaginária. É curioso que supõe Wassermann ser tal deslize fraqueza de escritores, habituados a fazer personagens de seres reais. Erra Wassermann, embora seja a suposição interessante. Porém não é tal arapuca destinada somente a escritores: quem caiu, pois, foi não o Alexander escritor, mas o Alexander homem. Há muitos e muitos exemplos semelhantes… A idealização feminina é um traço naturalíssimo do homem. Parece haver, se não uma necessidade, um curso psicológico natural quando este cria um laço e se deixa levar pelo sentimento. É como se a experiência tivesse de se estender no plano mental que, mais duradouro e presente, acaba sobrepondo-se a ela. Caímos todos nós, caro Wassermann, todos nós… embora nem todo abismo tenha a mesma profundidade.