Cioran resumiu: “Mourir inconnu, c’est peut-être cela la grâce”. Voltaire já havia concluído: “Vivre et mourir inconnu”. Valéry, na mesma linha, nota que “peut-être, si les grands hommes étaient aussi conscients qu’ils sont grands, il n’y aurait pas des grands hommes pour soi-même”. Que dizer? O sucesso é um sepultador. Talvez seja a maior desgraça que pode recair sobre um artista; é o prenúncio da ruína. O sucesso afasta-lhe as profícuas noites amargas, o questionamento terrível e maravilhoso sobre o próprio talento. O sucesso rouba-lhe a solidão e ilude, jogando areia no fogo interior que incita ao estudo, à evolução contínua, ao aprimoramento da técnica, à necessidade de uma expressão mais plena. Mas pior, muito pior. O sucesso abre “possibilidades” e impõe ao artista uma “nova função”. Isso, de fato, é-lhe a morte.