Segundo Schopenhauer, saiu da pena de d’Alembert esta virtuosíssima reflexão sobre o “templo da glória literária”:
L’intérieur du temple n’est habité que par des morts qui n’y étaient pas de leur vivant, et par quelques vivants que l’on met à la porte, pour la plupart, dès qu’ils sont morts.
Que coisa! E pior é notar raríssimas as exceções a essa regra. A conclusão mais evidente é aquela de Cioran, Valéry, Volaire, de ser o sucesso uma verdadeira desgraça ao artista. Porém, quando indagamos o porquê de tal dedução, somos levados a admitir que nada há de mais benéfico, senão essencial ao artista que uma mistura entre fracasso e solidão. Que lhe seja o isolamento produtivo é facilmente compreensível; mas o fracasso? o passar a vida preterido, senão repudiado? E notar que é o que se passou na esmagadora maioria das vezes com aqueles que se eternizaram no templo de d’Alembert.