O trabalho criativo depende, essencialmente, de duas coisas: (1) da capacidade de estimular, permitir e apreender novas ideias e (2) da capacidade de aproveitá-las. No primeiro caso, temos, sumariamente, o esforço intelectual e a atenção, qualidades que, ainda que não intencionalmente, são incitadas pelo simples querer criar. Já no segundo, dá-se algo mais custoso, e talvez a maior diferença entre o artista fecundo e o infecundo resida justamente nisso: na capacidade de concretizar as ideias que têm, não deixando que elas se percam e se vão tão naturalmente como vieram. Tal capacidade é, simplesmente, a capacidade de agir. Disso se nota que o trabalho criativo, para que efetivo, exige não somente as ideias, o concebê-las e o captá-las, — algo que se pode fazer sem esforço; — mas requer um estado mental que se resume numa prontidão permanente para a ação.