Há três principais diferenças entre Soljenítsin e o resto daqueles que defendem uma causa pela literatura, ou fazem literatura para defender uma causa. A primeira delas é que Soljenítsin, antes de atacar o regime que ataca, experimentou-o, isto é, sofreu-o com oito anos de cadeia e vendo inumeráveis amigos, conhecidos e familiares presos, perseguidos e fuzilados. A segunda diferença deriva da primeira: em honra própria e daqueles que perdeu, está justificada a sua causa; quer isto dizer que sua literatura é uma resposta à sua experiência pessoal, ou seja, sua motivação literária é a mais autêntica que pode haver. Por último, o seguinte e simplesmente: sua causa é nobre, e este adjetivo não carece de explicações. Do outro lado, que encontramos na maioria daqueles que fazem literatura ideológica? Não é preciso gastar muitas palavras: não encontramos nem a nobreza, nem o conhecimento de causa; encontramos, em suma, um fetiche.