Uma das maiores dificuldades inerentes da investigação da realidade é harmonizar a consciência da insignificância individual com a necessidade individual de agir. A primeira vem automática, quando se contrasta o tamanho e a complexidade do universo com as possibilidades daquele que o observa. Porém, admitindo-se o ser, admitindo-se o irrevogável do ser, tem de se admitir também um motivo, uma necessidade. Daí a conclusão: é-se quase nada, o que se faz é quase nada, mas é-se porque é força ser e fazer.
A melhor literatura é, sempre…
A melhor literatura é, sempre, aquela mais conectada com a experiência direta, sobre a qual se apoia a individualidade do autor. Por mais e melhor que idealize, o seu espírito se mostrará mais intenso quando a descrever não aquilo que imagina, mas o que conhece. E é por esse motivo que, em muitos casos, é a biografia que abona o autor.
A literatura hindu, cuja real exuberância…
A literatura hindu, cuja real exuberância as traduções existentes ainda não são capazes de revelar ao ocidente, já não pode inspirar senão tremendo respeito ao ocidental que a investigue. A verdade é que, por vezes, um texto hindu imaginativamente pobre e precariamente traduzido já é capaz de evocar uma realidade tão impressionante que só empregando toda a sua capacidade imaginativa o ocidental pode conceber. É admirá-la, pois, ainda que o apreendê-la possa parecer inviável ou inconveniente.
A procrastinação, perante a consciência do dever…
A procrastinação, perante a consciência do dever, é uma infâmia. Envergonha e entristece. E, ainda assim, tão corriqueira… Parece que o vencê-la só se dá pelo hábito, o qual medra constantemente ameaçado pelo hábito contrário que, caso permitido, deveras envergonha e entristece. A consciência do dever, portanto, resulta numa tensão permanente, que parece suportável, e até dominável sem grande esforço, enquanto perdura o ciclo produtivo e a repetição parece mais simples que o interrompê-la. Procrastine-se uma vez, duas, e a situação muda completamente de figura…