Há uma certa ironia no fato de que as inumeráveis facilidades que estão hoje disponíveis para o aprendizado de todas as línguas imagináveis são insuficientes para que se possa compreendê-las em profundidade, posto que, após um certo nível, compreendê-las é compreender suas dificuldades. Quer dizer: os inumeráveis e valiosos incentivos ao aprendizado dificilmente permitem que o estudante ultrapasse a superfície do idioma estudado; caso queira fazê-lo, o que tem é justamente de abandoná-los e encarar o difícil, valendo-se dos processos mais arcaicos, conquanto comprovadamente essenciais. Não há saída: chega um momento em que é preciso deixar de lado as brincadeiras e afundar nos dificílimos originais.
Aprender um idioma é uma questão de horas de estudo
Aprender um idioma é uma questão de horas de estudo. A função primordial do método, pois, resume-se a manter o estudante estimulado, para que possa estudar mais, e portanto mais rápido aprender. Secundariamente, cabe ao método orientar o aprendizado consoante os objetivos do aluno, isto é, entre as quatro habilidades fundamentais no estudo de uma língua (compreensão oral e escrita; expressão oral e escrita), é função do método mais focar naquela ou naquelas mais almejadas. Em todos os casos, não se vai muito longe sem uma sólida base das quatro. Em todos os casos, o progresso é diretamente proporcional ao tempo de dedicação. O resto é conversa.
A importância de Péricles Eugênio da Silva Ramos
A importância de Péricles Eugênio da Silva Ramos para a versificação portuguesa ainda não foi devidamente estabelecida. Seus ensaios estão entre o que de melhor já se escreveu sobre o tema, e é curioso observar que todos eles resumem-se à exposição de observações decorrentes de um estudo sério. Dizendo assim, parece pouca coisa; mas há ensaios que, em cinco páginas, esclarecem e desfazem o erro de outras tantas centenas que integram o acervo da língua portuguesa. Estudar e divulgar as descobertas do estudo: uma fórmula simples que, pela repetição sistemática, colocou Silva Ramos entre os mais importantes estudiosos da poesia portuguesa.
O mal do homem utilitário
O mal do homem utilitário é crer que tudo está necessariamente à venda, somente à espera de negociação. Daí que acaba, cedo ou tarde, quebrando a cara ao deparar-se contra a sua vontade com uma natureza que não partilha de suas convicções. Então esbraveja, trava guerra e por vezes insulta aquilo que não compreende; em todos os casos, porém, julgue-se ou não triunfante, é forçado a engolir a própria pequenez.