O projeto de destruição histórica

No Brasil, o projeto de destruição histórica e corrupção da então incipiente identidade nacional logrou êxito invejável, e é modelo a ser imitado pelos canalhas que o futuro ainda há de conceber. De nossa parte, é muito difícil colocar em palavras a sensação de ter de recorrer a um sebo por um livro de história não reeditado há mais de meio século, um livro de história que, pela qualidade e pelo período histórico abordado, sequer encontra concorrentes, e mesmo assim encontrá-lo ali e só ali em aspecto lamentável, surrado quando não parcialmente destruído. Somos tomados por um misto de sensações e, em mente, vem-nos a imagem do autor, da seriedade de seu trabalho, da injustiça, da infâmia, de Deus… e permanecemos fixados nas ruínas que se mostram diante de nós.

Aquele que quer ensinar

Aquele que tem algo a ensinar e quer ensinar precisa compreender que, para efetivar seu desejo, é necessário que haja, também, alguém que queira aprender. É este um fato: o melhor professor não é capaz de suplantar algumas das barreiras possíveis de serem levantadas por um mau aluno; já o bom aluno consegue aprender algo mesmo do pior professor. Disso se percebe que o aprendizado, em suma, é dependente mais do aluno que do professor, limitando-se este a facilitá-lo ou dificultá-lo, estimulá-lo ou desestimulá-lo. Assim é, não importando quão grande seja a vontade ou o conhecimento do professor.

Uma exposição lógica cristalina

Ocorre algo inexplicavelmente engraçado quando nos deparamos com uma exposição lógica cristalina, perfeita e irrefutável, que não exerce nos ouvintes o mesmo brilho e encanto que radia da palavra do expositor. Vem à mente Tomás de Aquino… Que dizer? Infelizmente, a lógica só pode impressionar aqueles acostumados a praticá-la ou, no mínimo, aqueles capazes de compreendê-la. A obra de Tomás de Aquino é uma realização impossível. As provas que apresenta, por exemplo, sobre a necessidade da existência de Deus, não poderiam ser melhor ou mais logicamente formuladas, nem expostas com maior clareza por uma cabeça humana cujo instrumento expressivo é a linguagem. E, ainda assim, são inúteis, absolutamente inúteis e ocas à maioria dos mortais.

As antíteses do pensamento dominante

É mesmo um fenômeno impressionante este de brotar sempre as antíteses do pensamento dominante, precisamente quando este se acredita soberano, acabando surpreendido com uma violência proporcional ao esforço realizado por consolidá-lo. De modo idêntico surge o gênio quando o ambiente parece torná-lo impossível. E quando vemos que, após algumas décadas, ocorre o impossível e o ínfimo suplanta o descomunal, ficamos a pensar nestas tão frequentes coincidências…