Duas coisas estragam a beleza de uma religião: palavras de ordem e palavras de ódio. Um fanático objetará de pronto: “É dever do justo odiar o que é mau!”. Oh, mas é claro, meu amigo! E maus, obviamente, são eles!… Se analisarmos os efeitos destrutivos e perniciosos das religiões, se buscarmos compreender a razão de tantos cadáveres e tanto sangue ter sido derramado sob o pretexto de louvá-las e honrá-las, veremos que tudo remete ao tom lamentável com que várias de suas páginas foram escritas. O tom de ordem rebaixa o fiel a servo, e o orgulho do servo exige-lhe cobrar dos outros idêntica postura servil, ainda que não seja ordenado a fazê-lo. Do ódio, que dizer?… qualidade maligna, responsável por cegar e arrancar do homem sua humanidade, incitadora do orgulho e da ignorância, catalisadora de um ser humano pior. As religiões rebaixam-se a partir do momento em que passam a falar de adeptos e não adeptos.