Para além dos abalos incontornáveis na reputação de alguns dos autores analisados, a tese que permeia este Intellectuals, de Paul Johnson, parece justificar-se de maneira convincente pela variedade de exemplos oferecidos na obra. Demonstra Johnson que todo “intelectual” que se acredita capaz e deseja reformar o mundo segundo as próprias ideias acaba, cedo ou tarde, possuído por elas, o que significa adorá-las e tê-las acima da verdade, o que significa tomar partido delas em detrimento de pessoas reais. Possuído, converte-se em monstro moral, refutando pela conduta qualquer possível nobreza contida na ideia que o dominou. Em contrapartida, também demonstra Johnson que a saída para a atração magnética das ideias não pode se dar senão pelo apreço sincero à verdade e pela consciência de que uma ideia não vale uma vida. É uma obra que, como os bons tratados moralistas, humaniza por expor a desumanização.