Para ser normal, absolutamente normal, é preciso, em primeiro lugar, frequentar um psicólogo. Só ele é capaz de colocar uma alma perdida no caminho da normalidade. Em seguida, é preciso viver de forma a empregar, no mínimo, metade do tempo útil trabalhando. Diariamente, é necessário expor-se às radiações salutares de uma televisão. Os remédios para ansiedade, depressão e colesterol devem complementar uma dieta centrada em produtos industrializados. As injustiças sociais devem inspirar a mais profunda indignação e o Estado deve ser obedecido independentemente das circunstâncias. Ao lado do travesseiro, um livro de autoajuda. E a mente a repetir o mantra: “Eu sou capaz”.