Ocupar-se das letras é, quase sempre, tarefa ingrata. E talvez nunca houve uma profissão tão prostituída quanto a de escritor. É verdade, sempre afigurou claríssima a distinção entre as qualidades do grande escritor e do escritor de sucesso. Mas, hoje, num mundo onde o sucesso é critério qualitativo soberano, parece, mais do que nunca, ser forçoso ao homem das letras adaptar-se à terrível realidade que o impele a ser, além de artista, vendedor — e a recusa parece ser a certeza do esquecimento. Pois bem: nunca foi tão honroso ser ignorado em vida e seguir, renitente, na contramão das convenções contemporâneas. Penúria! Desprezo! E o espírito insubmisso saberá, sozinho, o que é pensar despegado de correntes.
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