De Guyau:
« Maudit soit ce travail qui, semblable à la flamme,
Dévore notre vie et la disperse au vent ;
Maudit ce luxe vain, ces caprices de femme
Toujours prêts à payer sa vie à qui la vend ! »
Oh, desespero! E o impressionante, o inacreditável é ver que tais versos não podem hoje sair senão de penas raríssimas, as incapazes de se adaptarem à normalidade vigente. Sem dúvida, é tal sentimento inconfessável, um pecado contra a sociedade moderna a qual exige o assentimento e a exaltação destas qualidades e desta conduta que mais parece estrangular a dignidade humana. Creio ter sido Dostoiévski a refletir, no cárcere geladíssimo da Sibéria, que qualquer trabalho é suportável, mas constatá-lo inútil, constatar-se a esforçar-se por nada, isso é absolutamente revoltante e intolerável ao homem: numa situação destas, o melhor sem dúvida é não existir. Mas Dostoiévski, talvez, tenha-se precipitado: ao menos hoje, pouquíssimos parecem adequar-se-lhe à constatação.