Quando se segue a recomendação de Ortega y Gasset, de Viktor Frankl e de Louis Lavelle, os quais, sob prismas diferentes, ressaltam a importância de buscar a integração da circunstância individual no plano da existência, o ato adquire, decerto, uma solidez extraordinária, e a vida embebe-se de seriedade. Mas há, aqui, um problema inevitável, o de que às vezes a circunstância é tão miserável e deprimente, que sua assimilação chega a ser perigosa. Quer dizer: aquele que deseja mirar e compreender a realidade crua, se tomado por este senso de responsabilidade perante a circunstância, não pode fazê-lo jamais como um observador distanciado e imparcial. O que chama para si é aquilo que sofre, o que busca integrar é aquilo que o estorva, pressiona, deprime. O que faz é o contrário da vereda racional do distanciamento, e esta tarefa nunca é empreendida sem deixar profundas marcas no caráter. O resultado pode não ser nada bom…