Quase sempre, por piedade destas Notas, o comentário sai purificado do fato real contemporâneo que o motivou. Embora, sem dúvida, o efeito saneador seja palpável, talvez o comentarista pareça exagerar demasiado em seu radicalismo incontornável. Como, porém, é difícil comentar a atualidade! Daí que é preciso, às vezes, quebrar o protocolo. Arremataram num leilão em Nova Iorque, por mais de seis milhões de dólares, uma “obra” que consiste numa banana colada com fita adesiva numa parede. O comprador, dizem, adquiriu também o direito de replicar a “obra” quantas vezes quiser, e competirá a ele substituir a banana quando esta apodrecer. Que dizer? É, sem dúvida, uma manchete potentíssima; mas o que mais impressiona é ver nas milhares de matérias que não basta a obra, não basta o autor, não basta o preço, mas há plateia, há apreciadores, há divulgadores, há uma profusão vertiginosa de interessados! É demais! Cuidem-se bem estas Notas, pois o risco do contágio é real!