Se é verdade que a profissão, ou melhor, o ganha-pão exerce inevitável influência nos temas sobre os quais se inclinam os escritores a abordar nas suas obras, há, certamente, profissões e profissões. O direito, em maior ou menor medida, inclina à percepção de burocracias e injustiças intermináveis. O jornalismo, à perfídia. Nestes dois exemplos, é difícil que a temática não conduza, também, a um determinado tom. Portanto, apesar de ambas as áreas de atuação aparentarem possuir um elo íntimo com as letras, cai-se facilmente em lugares-comuns quando nelas se busca a matéria-prima para a obra. Por outro lado, profissões aparentemente menos ligadas às letras, como a medicina, especialmente a medicina de consultório, fornecem um arsenal de experiências humanas variadíssimo e muito difícil de classificar. Neste caso, não parece a extração do material vir acompanhada da sugestão de temática, nem do tom.