Se grande parte da personalidade é composta de traços involuntários, ou melhor, de traços que se estabelecem pelo hábito, quanto mais se vive, mais a personalidade representa e escancara o indivíduo em sua essência. Assim, não é exagero afirmar que, num idoso, a personalidade talvez lhe resuma a vida. É por isso que a generosidade e a simplicidade são encantadoras quando se manifestam espontâneas e sinceras numa natureza intelectualmente refinada. Por elas, temos o retrato do indivíduo: sua postura evidencia o grau do seu mérito e, a menos que estejamos cegos a ponto de não notá-lo, ficamos inteiramente preenchidos de um sentimento de admiração. Quanto à personalidade, de fato, há façanhas só possíveis na velhice, quando a virtude se cristaliza como fruto da experiência de uma vida inteira, e aí parecem-nos enfim brilhar como pérolas aqueles enigmáticos para quês.