Se o verso alexandrino clássico, exigindo a sexta sílaba sempre aguda ou grave em palavra que se elida na seguinte, visava, com tais regras, construir uma unidade dodecassílaba, parece-me que em nada deixa a desejar o alexandrino português que se valha da abundância de palavras esdrúxulas do idioma, ocasionalmente inserindo-as com a tônica na sexta sílaba e elidindo-as na palavra seguinte. Muito pelo contrário, parece-me haver um quê de novidade nesta construção não encontrada em versos franceses. Bilac e Guimarães Passos, dizendo que está vetado ao alexandrino “clássico, o verdadeiro, o legítimo” o vocábulo esdrúxulo com tônica na sexta sílaba, talvez não se atentaram para o fato de que tal não ocorre em poetas franceses, tidos como introdutores deste metro, pelo simples fato de que a prosódia francesa não admite tais palavras, acentuando sempre a última sílaba não muda de seus vocábulos. Não vejo por que o poeta português deva adaptar seus versos para esta que mais parece uma limitação da língua francesa.