Seria divertidíssimo um livro, se é que ainda não foi escrito, que relatasse as peripécias financeiras de intelectuais nos últimos séculos, visto que frequentemente as encontramos curiosíssimas em muitas biografias. É fascinante notar que o tipo mais frequente de intelectual, e máxime de gênio, é absolutamente incapaz de uma vida financeira prudente, moderada, inteligente. Vemo-lo de praxe em dificuldades por longos períodos, o mais das vezes se não geradas, muito agravadas por ele próprio; normalmente, o estado que experimenta é de dependência, à mercê da sorte. Há grandes herdeiros, e há mais numerosos aqueles que empilharam dívidas, empréstimos e extravagâncias que só uma absoluta irresponsabilidade ou um otimismo injustificável ou uma completa estupidez poderia permitir. Mas raríssimos aqueles satisfeitos com uma vida modesta, custeada pelo próprio esforço, condizente com as próprias possibilidades e, sobretudo, que melhora à medida que o tempo corre em razão da conduta sensata e não de um golpe súbito de sorte. É sem dúvida algo impressionante.