Nunca deixa de espantar os extremos…

Nunca deixa de espantar os extremos a que a vaidade atira o espírito, fomentando essa desprezível necessidade de afirmação de importância perante o outro. A cada manifestação deste tipo, aflora um sentimento ruim no observador, um sentimento que só mesmo um santo para convertê-lo em piedade e misericórdia. Realmente, a caridade moral é a mais penosa entre todas as virtudes, e talvez só seja possível naquele tocado por uma inspiração superior.

O ceticismo encerra um destes curiosos paradoxos

O ceticismo encerra um destes curiosos paradoxos por ajustar-se, simultaneamente, à humildade e à presunção. Isso demonstra que pode-se classificá-lo em dois tipos: o ceticismo “não sei” e o ceticismo “não sabes”. Dois tipos, como se vê, antagônicos, representando um a modéstia e o outro a soberba, um o juízo despojado sobre as próprias capacidades e o outro uma acusação sobre aquelas de outrem. Tipos contrários que, todavia, atendem pelo mesmo nome.

A motivação é temperada e enrijecida pela paciência

A motivação é temperada e enrijecida pela paciência; somente esta é capaz de canalizá-la e lhe transformar a intensidade numa força duradoura, algo necessário para que frutifique. É, portanto, frágil, e pode facilmente perder-se. Quando, porém, aliada à paciência, renova-se e perde o caráter efêmero, justificando, finalmente, o próprio esforço despendido em prol da estabilização.

O diabo é mesmo aquele “só um pouquinho”…

O diabo é mesmo aquele “só um pouquinho”, aquele “só desta vez” que concretiza a transgressão e desfigura o próprio ser. É verdade que a motivação oscila e o esforço acaba sempre cedendo; contudo, é preciso muito cuidado para que as oscilações não descambem numa prática que sugue completamente o espírito e acabe na mais completa traição. Rigidez e esforço diário, sim, ainda que seja por uma constante vontade que nem sempre se transponha ao mundo real.