O verdadeiro estudante é o professor

O verdadeiro estudante é o professor. Pois ensinar é, em essência, também estudar; mas estudar com uma profundidade que só se alcança pelo ensino. Ou melhor: é o próprio ensino que a exige, posto que traz à tona uma infinidade de problemas que impelem a pesquisas adicionais, inimagináveis ao estudante comum. Assim que o professor, caso não seja um mau professor, quanto mais ensina, mais se aprofunda na matéria, mais toma conhecimento de seus detalhes, mais cristaliza a teoria em sua mente e mais se torna apto a ensinar, pois descobre aquilo que o estudante precisa aprender.

 

O mal do homem utilitário

O mal do homem utilitário é crer que tudo está necessariamente à venda, somente à espera de negociação. Daí que acaba, cedo ou tarde, quebrando a cara ao deparar-se contra a sua vontade com uma natureza que não partilha de suas convicções. Então esbraveja, trava guerra e por vezes insulta aquilo que não compreende; em todos os casos, porém, julgue-se ou não triunfante, é forçado a engolir a própria pequenez.

Os fundamentos racionais do senso comum

Talvez a mais importante e necessária função da filosofia seja assentar os fundamentos racionais do senso comum. É preciso, de novo e de novo, percorrer os mesmos caminhos e repetir os mesmos argumentos milenares em favor da sensatez; do contrário, quão facilmente ela se dispersa! e quão lamentáveis consequências se sucedem desse dispersar! De fato, tem razão Edward Feser: todos os males morais de que padece a modernidade remontam ao distanciamento de Aristóteles, de Platão, de Aquino e dos demais pensadores que, por muitos séculos, constituíram a base do pensamento ocidental.

A hipocrisia é a substância da moral pública

Já é corriqueira a assertiva de que a hipocrisia é a substância da moral pública, e que, sem ela, são impossíveis as relações sociais. Justo, embora não pela consequente impressão de que se deve tolerá-la integralmente. Há um limite, como há hipocrisias. A hipocrisia, tal como a mentira, só se justifica quando evita que se atravesse a fronteira da educação. No mais, o que faz é diferenciar homens de canalhas, e não se pode admiti-la sem que também se admita o naufrágio completo do próprio valor.