Nada parece tão impressionante quanto a série de coincidências que, em casos frequentes, impele o homem à obra. A impressão que ficamos é de haver, para cada alma, uma missão, de forma que esta, se não encontrada, se não buscada voluntária e conscientemente, de modo algum fica prejudicada, posto que as circunstâncias, em último caso, acabam forçando a sua execução. Disso vemos como é natural aceitar a hipótese da predestinação. Há casos em que nos deparamos com eventos tão transformadores e tão decisivos, que ficamos com a sensação de que, querendo ou não, o homem, no curso de sua vida, acaba sempre se tornando aquilo que nasceu para ser.
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O homem se torna aquilo que alimenta
O que a vida demonstra é que, cedo ou tarde, o homem se torna aquilo que alimenta. Este é o fado do qual não poderá jamais escapar, e que lhe poderá ser a ventura ou a desgraça. É por isso que, se não inata, deve ser cultivada de contínuo a visualização. Todos somos, em maior ou menor medida, como o menino daquele belo símbolo sabeu que, idealizando uma grande face de pedra, tomando-a como ideal de grandeza, vai-se tornando como ela à medida que cresce. Todos somos, ou melhor, todos podemos ser; antes de sê-lo, porém, é preciso querer sê-lo.
Planejar é sempre mais estimulante que agir
Intelectualmente, planejar é sempre mais estimulante que agir. Por muitos motivos, em especial pelos horizontes mais amplos, às vezes ilimitados, e pela possibilidade de alterá-los por inteiro sem prejuízos ou complicações. Quer dizer: planos existem como suspensos no ar; nada os puxa, nada os impele, as conexões que estabelecem são como etéreas, maleáveis, até o exato momento em que são colocados em execução. Aqui, a estrutura inteira como que se cristaliza, e se não o faz de maneira definitiva, o faz de maneira que, a partir desse ponto, mudar é romper. Intelectualmente, sem dúvida, planejar é mais estimulante que agir. Mas o ato, tendo o peso da responsabilidade e o risco do erro, sobre-excede-se em emoção.
Por si mesmo, o homem não é nada
Por si mesmo, o homem não é nada. Mas nele reside a potencialidade da visualização que, exercida, permite o realizar. O seu valor primário limita-se, portanto, a uma potência. Para efetivá-la, é preciso vontade. E torna-se algo à medida que algo realiza. Enfim, é destinado a converter-se na própria obra.