O filósofo que não consiga ensinar algo valioso de forma simples a um homem comum deveria aposentar-se. Talvez em nenhuma outra área seja a clareza uma qualidade tão necessária, e uma manifestação mais evidente de domínio sobre a matéria tratada. São muitos os pecados perdoáveis, e muitos os defeitos que sequer arranham o pensamento de um filósofo; mas a partir do momento em que o discurso, através dele, torna o assunto mais confuso, o melhor que faria é retornar em silêncio aos estudos, senão abandoná-los para sempre e buscar uma nova ocupação.
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É possível traçar um paralelo entre vidas coetâneas…
É possível traçar um paralelo entre vidas coetâneas e identificar, na imensa maioria das vezes, períodos decisivos que ocorreram em idades muito próximas nos quais se destacaram temas semelhantes. É preciso vê-lo e compará-lo repetidas vezes. Este fato evidente e verificável talvez seja o mais forte argumento daqueles que afirmam haver uma correlação entre o tempo e as existências individuais, especialmente porque se nota que muitos dos temas destacados não se dão em decorrência de uma convenção ou algo induzido pelo meio: repara-se, uma e outra vez, períodos em que se parece manifestar o gênio e períodos em que se parece decidir a sorte. A partir do momento em que se adquire coragem suficiente para assumi-lo, já não se pode mais suportar a ausência do porquê…
O que mata o homem é o orgulho
O que mata o homem é o orgulho; é ele que turva a visão e tolda o viver. A dignidade humana resume-se a fazer o melhor do possível, mas o possível ao orgulho nunca satisfaz. Dele brota um anelo insaciável e um descontentamento para com aquilo que basta para encher olhos modestos. Assim que representa o desgosto, a castração e o sepultamento do estímulo que, para muitos que jamais esperaram, provou que o possível às vezes é distorcido pela visão.
Quanto mais se compreende da vida…
Quanto mais se compreende da vida, mais se torna necessária a capacidade de aceitar limitações; em suma, mais se torna imprescindível a humildade. Curiosamente, parece a natureza dificultá-la à medida que mais se conhece, quando o conhecer é também necessário para aprimorá-la. Portanto, cultivá-la é agir racionalmente contra a natureza, que parece o maior obstáculo — e aquele cujo superar é mais importante — para o pleno desenvolvimento intelectual.