Deveria bastar ao homem a certeza de que é possível sentar-se, solitariamente, e experimentar nas letras uma realidade diferente da exterior, para que seu espírito se descolasse das angústias porventura geradas por esta. A partir do momento em que se compreende quão longe se pode chegar pela mente, a exuberância de possibilidades torna-se um lenitivo potente para a frustração proveniente das urgências, das necessidades e das amarras do mundo material.
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Haver um marquês de Maricá…
Haver um marquês de Maricá na literatura brasileira é algo intrigante e algo que, sem dúvida, muito a engrandece. Poder-se-ia interpretar Maricá como um europeu a viver e escrever nesta terra; mas parece preferível interpretá-lo como um homem cuja inteligência suplantou as circunstâncias. Sua obra, devidamente esquecida, representa hoje a antítese da índole de um povo que se perdeu. Um brasileiro, para apreciá-la, necessita, primeiro, de cabelos esbranquiçados e, segundo, de pertencer a outro século que não este, de possuir inclinações outras que não as em voga e, sobretudo, de ser dotado de um temperamento que só as lições da experiência podem conceder.
O maior incentivo à fecundidade
Talvez o maior incentivo à fecundidade literária seja o viver silenciosamente, evitando ao máximo jogar ao vento palavras que seriam muito melhor empregadas no papel. Ao vento, somente o trivial e de pouca importância. São inumeráveis as vantagens de tal postura, que contribui tanto à vida quanto à obra, deixando claríssimo aquilo que cabe a uma e a outra, separando-as e definindo-as, reforçando-as no como devem ser encaradas. Evita-se sobretudo o erro de tê-las pelo que não são, desvirtuando-as. Viver em silêncio, em suma, é saber o momento e o meio adequados para se dizer aquilo que se deve dizer.
O intelectual morre no instante…
O intelectual morre no instante em que perde aquela curiosidade característica do jovem estudante, sedento por aprender. Não se baseia em outra coisa a própria atividade intelectual, que exige esforço permanente, entusiasmo pelo desconhecido e vontade de investigá-lo e apreendê-lo. É por isso que, a despeito de quanto lhe suceda, o intelectual não poderá jamais permitir que se apague esta chama, do contrário, juntamente dela se apagará.