O Eclesiastes é eterno

O Eclesiastes é eterno por ter constatado não haver novos vícios, nem novas esperanças, que o que se fez será novamente feito, e nunca haverá algo que já não tenha sido: em suma, as circunstâncias são diferentes, mas o homem é sempre o mesmo, e cai sempre nas fraquezas do passado. É ilusória a impressão que se tem de mudança com o tempo, posto que esta se limita a aspectos exteriores de uma realidade permanente. O homem é sempre o homem, e dele não se pode esperar senão que seja aquilo que é.

O filósofo que não consiga ensinar…

O filósofo que não consiga ensinar algo valioso de forma simples a um homem comum deveria aposentar-se. Talvez em nenhuma outra área seja a clareza uma qualidade tão necessária, e uma manifestação mais evidente de domínio sobre a matéria tratada. São muitos os pecados perdoáveis, e muitos os defeitos que sequer arranham o pensamento de um filósofo; mas a partir do momento em que o discurso, através dele, torna o assunto mais confuso, o melhor que faria é retornar em silêncio aos estudos, senão abandoná-los para sempre e buscar uma nova ocupação.

É possível traçar um paralelo entre vidas coetâneas…

É possível traçar um paralelo entre vidas coetâneas e identificar, na imensa maioria das vezes, períodos decisivos que ocorreram em idades muito próximas nos quais se destacaram temas semelhantes. É preciso vê-lo e compará-lo repetidas vezes. Este fato evidente e verificável talvez seja o mais forte argumento daqueles que afirmam haver uma correlação entre o tempo e as existências individuais, especialmente porque se nota que muitos dos temas destacados não se dão em decorrência de uma convenção ou algo induzido pelo meio: repara-se, uma e outra vez, períodos em que se parece manifestar o gênio e períodos em que se parece decidir a sorte. A partir do momento em que se adquire coragem suficiente para assumi-lo, já não se pode mais suportar a ausência do porquê…

O que mata o homem é o orgulho

O que mata o homem é o orgulho; é ele que turva a visão e tolda o viver. A dignidade humana resume-se a fazer o melhor do possível, mas o possível ao orgulho nunca satisfaz. Dele brota um anelo insaciável e um descontentamento para com aquilo que basta para encher olhos modestos. Assim que representa o desgosto, a castração e o sepultamento do estímulo que, para muitos que jamais esperaram, provou que o possível às vezes é distorcido pela visão.